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A Arteterapia como refúgio

A criatividade, como a própria palavra diz, é o ato de criar, de tirar de dentro de si o que se quer expressar em arte, em criação própria. A arte pode ser definida como espelho daquilo que não podemos enxergar claramente em nós, mas que nos rodeia, a tentativa de expressar os sentimentos e de busca pelo nosso “Eu” que muitas vezes foi perdido. A criatividade é característica inerente dos seres humanos, apesar de muitos se acharem pouco ou nada criativos, muitas vezes porque houve uma repressão de sua criatividade, ocorrendo casos em que não se nota nenhum desenvolvimento e incentivo da mesma. Como todo fator dos seres humanos, a criatividade também está sujeita a moldes culturais, sendo a cultura um grande componente influenciador da tomada de decisões, comportamentos, e consequentemente, de todo processo criativo. Assim como a criatividade, existem outras características constituintes dos seres humanos, em diferentes graus. Basicamente, esses fatores se correlacionam, e são eles a percepção, a consciência, a sensibilidade, a memória, a capacidade de fazer comparações e associações, de falar e simbolizar verbal ou não verbalmente. Esses componentes possuem características próprias em cada indivíduo e estão constantemente sujeitas a mudanças culturais que afetam o inconsciente humano, refletindo em ações, decisões e palavras. É a beleza e a completude de ver a si mesmo em alguma obra, o fato de ter sido o próprio indivíduo o criador do início ao fim, de ter participado de todos os processos, características essas que foram extintas pelo modo capitalista, que dividiu várias tarefas para que várias pessoas chegassem num mesmo fim, mas impossibilitando a visão de si naquele objeto ou produto criado, já que muitos outros indivíduos que você nem mesmo conhece, também tem participação naquele mesmo objeto. A questão não é dividir a criação do objeto com outras pessoas, mas quando feito em unidade, em comunidade, com pessoas de seu ciclo, e todos se veem naquela criação, é algo bem diferente do que o que o capitalismo nos trouxe. Ostrower dizia que transformando a matéria, o homem transforma a si mesmo. Assim, a arte e o processo de criação são mediadores do indivíduo tanto com o contexto social em que vive, como também com seu interior, seu inconsciente que muitas vezes encontra dificuldade em ser acessado e expressado. Na Arteterapia, é essencial usar o máximo de criatividade, porque trabalhamos com o fazer humano, procuramos resgatar habilidades perdidas ou encobertas e a arte criativa é uma das melhores maneiras de se encontrar esse caminho. Utilizar-se de diferentes técnicas dentro da arte é uma boa maneira de começar a entrar nesse processo de autoconhecimento. Pinturas, músicas, colagens, desenhos, dentre outras formas de arte, conduzem de forma espontânea, o conhecimento do ser em sua forma mais expressiva, uma vez que é na arte que suas emoções estarão exteriorizadas.


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