Neste mês de agosto (2021) foi capturado o quarto peixe-leão em Fernando de Noronha. Esse peixe marinho, também conhecido como "peixe-dragão", é originário da região do Indo-Pacífico, e a espécie mais conhecida é a Pterois volitans. Esse peixe é um animal venenoso que já havia sido avistado no Brasil em 2014, mas que, agora, está invadindo a fauna brasileira. O mesmo problema com esse tipo de peixe já é enfrentado nos mares do Caribe e em algumas regiões dos Estados Unidos e do México.
A origem dessa invasão é desconhecida, mas algumas hipóteses são levantadas.
Fonte: qcanimais
Por ser um peixe exótico, com cores e formatos diferentes, muitos aquaristas passaram a comercializá-lo, tornando-o uma espécie ornamental. Desse modo, provavelmente algum aquário tenha entrado em contanto com o mar, introduzindo erroneamente esse animal nos mares dos Estados Unidos, em 1980, porém essa teoria não é comprovada, mas o lionfish continua a se espalhar pelos mares norte-americanos, causando prejuízos ambientais e econômicos. Já a chegada dessa espécie no Brasil é descrita de maneira natural. A provável causa do estabelecimento desse peixe em Fernando de Noronha segue a premissa que, através de correntes marítimas, esse animal tenha chegado e se estabelecido sem grandes dificuldades. Mesmo assim, a hipótese dos aquaristas, assim como àquela levantada para os Estados Unidos, permanece existente também para os mares brasileiros.
Foram capturados dois peixes-leão na foz do rio Amazonas, no Amapá, e dois no arquipélago de Fernando de Noronha, porém já haviam registros de capturas no Rio de Janeiro. Esse cenário que estamos enfrentando dá abertura a uma discussão importante: a introdução de espécies exóticas no Brasil.
Cada país tem sua fauna e flora que constitui um ambiente natural com diversas espécies e populações, formando um ecossistema que interatua. Porém, quando uma espécie não é nativa de um ambiente, ela é chamada de espécie exótica, que pode ter sido introduzida por ação antrópica ou por processos naturais. Introduzir espécies exóticas, seja de fauna ou de flora, pode causar desequilíbrios nesse ambiente natural, como, por exemplo, o peixe-dragão, que possui um hábito predatório dos quais nossos peixes não estão acostumados. "Ele fica imóvel em recifes de corais, até que uma presa passe na frente, então ele ataca e por meio de sucção engole o animal. As nossas espécies nativas não são adaptadas para evitar esse tipo de predação, elas acabam se tornando presas fáceis”, afirma Hudson Tercio Pinheiro, pesquisador do Centro de Biologia Marinha (CEBIMar) da USP. Entretanto, os problemas não estão restritos aos hábitos de predação, mas também aos de reprodução. O lionfish, por exemplo, reproduz-se em taxas elevadas, o que desequilibra a cadeia alimentar, uma vez que não há predador para ele. Isto é mais um problema: a falta de predadores, pois torna o manejo da espécie mais complicado. Todavia isso, ainda, não é tudo, pois as espécies exóticas mudam o comportamento de um ambiente, podem introduzir doenças, alterar fisiologicamente um ecossistema e acabar com espécies nativas. Outros exemplos de animais exóticos na fauna brasileira são: javali, tilapia e o caracol-gigante-africano, vetor de várias doenças, como a meningite eosinofílica.
Caramujo africano. Foto: J.M.Garg [GFDL or CC-BY-SA-3.0-2.5-2.0-1.0], via Wikimedia Commons
É importante ressaltar que a introdução de espécies pode ocorrer, ainda, dentro do próprio país. Por isso é indispensável boas condutas no manuseio de animais, plantas, fungos e bactérias. Uma espécie endêmica da floresta Amazônica, por exemplo, pode não ocorrer no Rio Grande do Sul, e vice-versa. Lembre-se que espécies exóticas podem fazer mal a seres humanos também e podem ser transportadas mesmo de forma não intencional, como em viagens, alimentos, meios de transporte etc. Por isso, o tema de educação ambiental nunca é demais e deve ser explicado nas escolas a fim de evitar problemas como esses, deixando claro que há, sim, a existência de formas não nocivas às introduções exóticas, mas que devem ser realizadas apenas por profissionais habilitados.
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