Com 5 cm de comprimento, a lesma marinha Elysia chlorotica, que faz parte de um grupo de moluscos gastrópodes, é um exemplo de animal fotossintético. Essa capacidade de realização de fotossíntese foi desenvolvida ao longo de sua vida e com a passagem horizontal de genes, isso porque, ao se alimentarem de uma alga da espécie Vaucheria litorea, a Elysia consegue incorporar os cloroplastos em suas células digestivas, em um processo de endossimbiose, dentro do citoplasma das células de seu próprio corpo. Porém, além de incorporá-los, o animal consegue manter a capacidade fotossintética desses cloroplastos.
"Ela faz parte de um grupo específico de lesmas-do-mar especializadas em roubar coisas de outros organismos", diz o professor Jordi Paps, da Escola de Ciências Biológicas da Universidade de Bristol, na Inglaterra. "Elas têm uma parte especial da célula onde armazenam esses cloroplastos, e como os cloroplastos não têm ideia de onde estão, são organelas e não pensam, continuam a fazer fotossíntese", explica o pesquisador.
Sendo assim, essa função mantém-na "alimentada" por até 12 meses, pois fornece energia. Este roubo de cloroplastos é um processo chamado "cleptoplastia".
Entretanto, conforme os estudos sobre essa lesma progrediram, pesquisadores como o biólogo Sydney Pierce, da Universidade da Flórida do Sul, descobriram que a relação desta espécie de lesma com as algas vai além da incorporação de cloroplastos, pois a Elysia incorporou, ainda, os genes responsáveis pela fotossíntese no seu próprio DNA de maneira a transmiti-los de geração em geração.
A Elysia chlorotica é um organismo chave ao estudo das diversidades de animais e ao debate de como as relações ecológicas transformam os seres vivos, sempre levando em conta como a evolução é uma teoria que ganha força a cada dia.
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