O Ártico é uma região de clima polar sendo coberto por neve e gelo ártico sazonal que quando chega no verão derrete em um nível ideal para que, já no frio de outono, ele possa congelar novamente e formar grossas camadas. Entretanto, neste ano de 2020, o oceano Ártico não formou gelo pela primeira vez na história do Mar de Laptev. Essa preocupante situação aconteceu pelo fato do acelerado derretimento das geleiras ter sido desenfreado pelo aquecimento global que cresce exponencialmente a cada ano. Essa situação ficou ainda pior com a presença de ondas de calor que fizeram as temperaturas aumentarem 10ºC a mais que a média. Isto fez aumentar a área de água descoberta absorvendo luz do sol.
Segundo José Eustáquio Diniz Alves, colunista do EcoDebate, as figuras a seguir mostram que a extensão de gelo no Polo Norte era de 9,3 milhões de km2 em 1992, caiu para 7,5 milhões de km2 em 2013 e 5,3 milhões de km2 em 2020. A média do período 1981-2010 foi de 8,3 milhões de km2, portanto, em outubro de 2020 houve uma redução de 4 milhões de km2 em relação à 1992 e de 2 milhões de km2 em relação à média de 1981-2010.
Mesmo antes de outubro, o Ártico já sofria com cenas inéditas e alarmantes. Em setembro de 2020, um bloco de gelo com cerca de duas vezes o tamanho de Manhattan se separou da maior plataforma de gelo remanescente do Ártico, no nordeste da Groenlândia, após temperaturas recordes no verão, o que levou a taxa de derretimento da Groenlândia a triplicar nas últimas duas décadas. Se este ritmo continuar, o derretimento poderá fazer com que o nível do mar suba em até 7 metros, afogando as cidades costeiras.
Como se não bastasse esses problemas, com o aquecimento do Ártico crescendo desenfreadamente, o risco de feedback auto reforçador de degelo do permafrost também aumenta, sendo um problema para o mundo inteiro, uma vez que existem duas vezes mais carbono preso no permafrost do que o que já foi lançado na atmosfera. Ou seja, com a erosão do permafrost o metano liberado, que é duas vezes mais poluente que o gás carbônico, aumentará os efeitos estufas e, caso esse gás poluente seja emitido do fundo do mar raso da plataforma ártica da Sibéria Oriental, eleva ainda mais o aquecimento global. Então, esse degelo pode ocasionar o reaparecimento de vírus e bactérias retidos nas camadas mais profundas do Polo Norte e que podem emergir à superfície. Vírus liberados e maior circulação humana são bombas-relógio para o surgimento de novas epidemias.
Ademais, o degelo ameaça a vida dos inuítes e a vida marinha, uma vez que o gelo carrega muitos nutrientes essenciais para vida marinha, como o plâncton. Se esse organismo marinho estiver ameaçado, também haverá uma diminuição da retirada do dióxido de carbono da atmosfera o que torna calamitoso o efeito estufa, causando mais calor e menos gelo.
Como a emissão de carbono cresce desenfreadamente a cada ano, as estatísticas preveem uma possibilidade de derretimento antecipado no ano de 2021. Isto provocaria um próximo verão com mais águas descobertas e quentes, um congelamento ainda mais tarde no inverno e um maior efeito estufa.
Fonte:
Comments