A comunicação é algo essencial no dia-a-dia das espécies. Tudo é válido na hora de demonstrar o que você deseja, como está se sentindo ou apenas entender o mundo a sua volta, seja por meio de sons, gestos ou cheiros. Para os humanos, a comunicação verbal é a base do dialeto, enquanto os demais animais utilizam, principalmente, outros meio. Entretanto, a curiosidade vem em torno dos papagaios, será que eles se comunicam como os humanos ou apenas repetem o que escutam?
Essas aves possuem um aparelho fonador especial, além disso, viver em grupo e apresentar inteligência acima da média comparada as outras espécies de aves ajuda os papagaios a imitarem outros seres. Na natureza, os papagaios usam o canto para trocar informações, porém quando estão em cativeiro eles reproduzem sons domésticos e palavras repetidas pelas pessoas a fim de compensar a falta de comunicação com parceiros. Todo esse som se dá por meio do controle da siringe, já que os papagaios não possuem corda vocal. A siringe é um órgão presente em todos os pássaros e é responsável pela produção e emissão de sons. Ela é formada por uma caixa de ossos cuja estrutura é composta de anéis fundidos e largos. No seu interior estão as membranas vibratórias e a bifurcação da traqueia, que permite a formação dos brônquios. Assim, a complexidade do canto de cada ave está diretamente relacionada à estrutura de sua siringe, sendo a dos papagaios diferentes das demais espécies. O mesmo vale para as membranas vibratórias e os músculos que regulam suas vibrações que permite ao papagaio emitir sons articulados que vão além de melodiosos assobios. A anatomia do bico também potencializa o som. A língua e o palato fazem o som reverberar e sair mais potente. Então, esse animal reproduz o que ouve no dia-a-dia, pois o som passa pela garganta e pela boca, sendo então manipulado pela língua.
Um estudo realizado pela UFMG, utilizando como base o papagaio-comum (Amazona aestiva), sequenciou o genoma desse papagaio brasileiro o que acarretou na descoberta de novos genes relacionados à cognição. A equipe pôde observar genes específicos e sequências reguladoras de genes conhecidos. Também identificaram genes parálogos que são originados de um evento de duplicação dentro do genoma e expressos no cérebro, específicos de papagaios, com funções conhecidas no desenvolvimento neural ou circuitos cerebrais de aprendizagem vocal. O pesquisador Fabrício Santos esclareceu que, por mais que existam estudos para saber mais especificamente as habilidades vocais dos papagaios, ainda há como desafio a identificação de quais genes estão associados a características complexas específicas, como cognição e longevidade. “Ainda não conhecemos bem o cérebro. Por evidências indiretas, sabe-se de algumas áreas relacionadas à cognição, à fala e à compreensão, mas não se sabe exatamente como se dão os processos, por exemplo, de memória e raciocínio”, afirma o pesquisador.
Outra espécie de papagaio também foi testada. Nesse caso, Irene Pepperberg, uma norte-americana, comprou o Alex, um papagaio-cinza-africano (Psittacus erithacus), espécie mais "falante" e com a siringe mais complexa, e desenvolveu estudos com a ave. Ela ensinou alguns nomes de objetos ao papagaio, e os apresentou a ele. A pesquisadora testou o animal por meio de objetos de formatos iguais, mas de cores diferentes, dispostos em uma bandeja, indagando-o quanto a diferença entre eles. A pesquisadora perguntava “Qual a diferença?”. E Alex respondia: “Cor”. Irene ousou um pouco mais e fez a próxima pergunta "Qual a semelhança?”, ao que o papagaio respondeu “Forma".
Logo, sim, os papagaios repetem o que dizemos, e a melhor forma de ensiná-lo a falar é sempre instigando a mesma palavra. Entretanto, é possível afirmar que a capacidade cognitiva desses animais é desenvolvida. Sendo assim, além de repetir, algumas espécies de papagaios, como as descritas acima, entendem o que é dito e estabelecem um diálogo de raciocínio com os humanos.
Canal do Pet - iG @ https://canaldopet.ig.com.br/curiosidades/2017-10-05/papagaios-falar-curiosidade.html
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