Crianças costumam fazer muitas perguntas, pois é a partir das questões que elas constroem suas experiências e seu vocabulário. Perante isso, a Academia Americana de Pediatria (AAP) afirmou que, aos 36 meses de idade, as crianças já deviam possuir vocabulário extenso o suficiente para nomear mais precisamente certas coisas, isso porque é comum que nessa idade eles comecem a prestar mais atenção aos detalhes que os cercam. Assim, é esperado que a criança, aos 3 anos, já saiba o nome das partes menores do corpo como as unhas, os cotovelos e joelhos.
Porém um tema abordado erroneamente pelos pais é quanto aos órgão sexuais que muitas vezes recebem nomes diferentes dos reais. O pênis é chamado de "pipi" e o nome da vulva é "amenizado" com expressões relacionadas a animais. Mas por que isso ocorre? Não há problema em se dizer pescoço, barriga, pé e ninguém chama o nariz por nomes que não o pertencem, então por que isso procede quanto aos órgão sexuais? Porque é tabu. Ainda é tabu nomear claramente cada parte do corpo e principalmente àqueles relacionados ao prazer (e não somente a isso), mas os pais não podem esquecer a necessidade de evidenciar o nome real de cada órgão do corpo humano.
Educação sexual é algo que deve ser inevitável no ensino de uma criança, é por ela que se evita abusos e traumas sexuais. As palavras como pênis, vulva, vagina, mamilos e ânus não são palavrões e devem ser relatadas às crianças assim como as palavras pernas, mãos e dedos são explicadas abertamente e sem restrições e apelidos. Isso porque há muitos motivos pelos quais as crianças deveriam aprender os termos corretos para as partes privadas. Um deles é a facilidade de comunicação que a criança obterá, tendo clareza e o entendimento de seu corpo. Quando certas palavras são evitadas, a criança entende como um termo proibido e desenvolve uma vergonha acerca do tema que mais para frente pode culminar em desconfianças sobre as mudanças de seus corpos. Nomear certamente as partes do corpo é também instigar a criança a contar para alguém confiável quando for tocada nos órgão privados e, certamente, evitar um contínuo abuso sexual. "As crianças deveriam ser capazes de identificar as partes do corpo que são privadas e usar os nomes corretos para elas, caso tenham sido abusadas sexualmente." “Se estamos usando termos ‘bonitinhos’ porque temos vergonha de usar os nomes corretos, estamos perpetuando a ideia de que certas partes do corpo são sujas ou ruins”, afirma Lydia Bowers, especialista sobre o tema.
Vale lembrar que "educação sexual é conversar sobre o corpo, consentimento, ensinar a diferença entre toque abusivo e que de afeto e orientá-las sobre como pedir ajuda em caso de perigo. É pelo dialogo e pela informação de nós pais que a proteção contra a violência sexual acontece" afirma Flavia Pereira, escritora do blog pais ajudam pais.
Por fim, caso você responsável pela criança não saiba como abordar corretamente os termos e ainda possui um tabu pelo tema, recomenda-se procurar especialistas que possam ajudar com a nomeação correta dos órgãos sexuais, além de livros como "Não me toca, seu boboca", "Pipo e Fifi" e "Aparelho sexual e cia".
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