O surgimento do plástico aconteceu de maneira peculiar. Isso porque, antes de ser moldado e industrializado como é conhecido hoje em dia, sua ocorrência em resinas de certas árvores decorre da antiguidade. Essa existência na natureza descreve-o como "plástico natural". Contudo, o plástico artificial, feito a partir de contribuições de alguns cientistas como Charles Goodyear e John Wesley Hyatt, surgiu quando o químico Leo Baekeland, em 1907, criou o primeiro protótipo de plástico totalmente sintético e comercialmente viável, nomeado de Bakelite. A partir dai, iniciou-se a era dos plásticos modernos.
Dado o primeiro passo e com o avanço da polimerização, despontou o comércio de plástico em suas diversas formas e criações e, com esse aumento, veio o caos, uma vez que plástico se fragmenta e vira microplástico, causando uma série de prejuízos ambientais. Quando descartado de forma incorreta, o lixo plástico pode causar entupimentos de valas e bueiros e gerar enchentes. Além dos problemas sociais, um estudo realizado durante seis anos pelo 5 Gyres Institute estimou que há cerca de 5,25 trilhões de partículas de plástico flutuando no oceano, essa quantidade equivale a 269 mil toneladas do material. O mais estarrecedor é que, uma vez disperso no ambiente, os microplásticos absorvem substâncias químicas perigosas e são ingeridos por organismos marinhos, internalizando-se por toda a cadeia alimentar, inclusive a terrestre. Com isso, o lixo plástico pode viajar por longas distâncias.
Sabendo disso, é importante lembrar que, segundo a socientífica, "microplásticos são pequenos fragmentos de plástico que medem menos de 5 milímetros. Alguns tipos são originados de plásticos maiores e são degradados na natureza até atingirem o tamanho microscópico. Outros tipos já são produzidos em tamanhos reduzidos, como pequenas esferas e pelotas, utilizadas em diversos setores da indústria e cosméticos."
A partir desse conceito, a onipresença do plástico é comprovada nos seguintes exemplos:
1- Imogen Napper, um cientista marinho da Universidade de Plymouth, na Inglaterra, ao analisar 11 amostras de neve do Monte Everest de um ponto de 8.440 metros acima do nível do mar, registrou a presença desse material em todas elas. Além disso, o cientista encontrou plásticos em três das oito amostras de água de riachos do Everest.
2- Realizado em 2019, um estudo constatou que dos 90 crustáceos analisados, 65 continham fibras plásticas e fragmentos nas entranha, sendo que o animal de ambiente mais profundo foi localizado a 10.890 metros de profundidade na Fossa Mariana.
3- Relatórios da ONU alertaram que partículas de microplásticos com “biofilmes” com bactérias causadoras de doenças contaminaram o abastecimento de água potável em todo o mundo. Com isso essas micropartículas maiores que 150 micrômetros podem sair de nossos corpos sem causar grandes danos. Entretanto, as menores, podem ser absorvidas por nossos órgãos e, de maneira conjunta, selecionar bactérias a se tornarem resistentes aos antibióticos. Além disso, pesquisadores da revista ACS Environmental Science & Technology estiram que o americano médio consome de 74.000 a 121.000 partículas de microplástico por ano, dependendo da idade e do sexo.
Com isso, o problema é alarmante e tende a piorar. Ambientes poucos explorados pelo homem já possuem plástico, ilhas de lixo são formadas nos mares, animais se contaminam a todo momento, a vida está sendo cercada por lixo plástico. Logo, a propagação é crescente e ameaça a harmonia de todo o planeta. Já passou da hora das atitudes serem revisadas e de elaborarem novos planos de diminuição do consumo que sejam mais eficientes que apenas a reciclagem, afinal o material plástico leva cerca de 500 anos para ser degradado. Como afirma Annett Finger, co-autora do estudo Signifcant plastic accumulation on the Cocos (Keeling) Islands, Australia “A única solução viável é reduzir a produção e o consumo de plástico, melhorando a gestão de resíduos para impedir que esse material entre em nossos oceanos em primeiro lugar.”
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